06 março, 2010


Mar/04/2010
Sobre minhas angústias

Como dizia anteriormente, por perguntar ela acabou me escrevendo e posso dizer que fiquei muito feliz por isso. Sonia do blog : "Borboleta Pequenina Somniando na Suécia", tem me ajudado com suas palavras e principalmente com suas dicas. Se você também quer ler e dividir comigo este momento tão especial, lá vai o post escrito por ela:




Dicas Mil: vida prática na Suécia: vou me mudar e não sei por onde começo?
("Ashes", Edvard Munch, 1894)

A Françoise é leitora do Borboleta, vai se mudar para Lund, onde seu marido dará aulas na Universidade de Lund e me escreveu um email pedindo algumas dicas (que eu tenho dado nessa sessão "Dicas Mil" e especificamente nesse post aqui. Além disso ela tem questões típicas de como se arranjar melhor com a escola das filhas e com as dificuldades que virão.
Eles têm duas filhas, uma em idade escolar, e Françoise também trabalha no Brasil, por isso já sente receio de como se ocupará num país tão diferente pelo ano que aqui morarão.
Eu tenho algumas sugestões de coisas que funcionaram muito bem para mim e também daquilo que se deve evitar, por eu ter sentido que me atrapalhou no começo. Obviamente há experiênciasdiferentes sempre e vocês são bem vindos para comentar e ajudar a Françoise e quem mais precisar de dicas como essas, num momento cheio de mudança e dúvidas como esse.

1. Onde morar?
Lund é uma pequena (76 mil habitantes), charmosa e típica cidade sueca que fica a menos de 20 km do centro de Malmö que ë a terceira maior cidade (300 mil habitantes) e ambas se situam ao extremo sul da Suécia.
A vantagem de Lund para Malmö é que se cruza Lund toda andando a pé em alguns minutos. Há uma sensação rápida de conforto e segurança e a cidade é muito jovem. Milhares de universitários se deslocam do país e da Europa para frequentarem a Universidade de Lund. Entretanto, o lado negativo é que a pequena cidade se torna quase vazia durante pelo menos três ou quatro meses do ano, na época das férias escolares.
Malmö não é tão charmosa, mas é muito mais internacional. Milhares de estrangeiros vivem aqui, quase 1/3 da população nasceu fora da Suécia. Há mais mercados, shoppings, igrejas, escolas, tudo. Os horários também são mais acessíveis que em Lund, já que no inverno o comério de Lund "morre" as 6 da tarde e em Malmö é possível achar alguns locais abertos até as 8 e bares até meia noite ou mais.
Além disso, Malmö está à mesma distância da charmosa Copenhaguem, capital da Dinamarca e apenas uns 15 minutos do aeroporto internacional de Copenhaguem, de onde se faz as conexões para ir para o Brasil e o mundo todo.
Sem conta que é possível se deslocar muito facilmente até Lund de carro até o centro de Malmö em vinte e cinco minutos. Há ônibus intermunicipais de 10 em 10 minutos, que saem de vários pontos de Malmö e custam em torno de 8 reais a passagem. Dependendo da linha que se toma a viagem dura sempre de 29 a 40 minutos. Sem trânsito, quase sempre.
Minha dica é tentar viver onde há maior número de pessoas, onde se pode programar melhor a vida social e não se sentir tão sozinho. Vivi um mês em Lund e amei a cidade, amo até hoje, mas viver lá me parece muito mais difícil que aqui em Malmö. Nos meses de inverno principalmente.

2. Como faço para ter a identidade sueca (personnummer)?
Depois de definido onde vai morar é preciso fazer sua identidade sueca, já que absolutamente qualquer atividade aqui lhe será exigido este número, desde emprestar um vídeo na locadora a dinheiro no banco.
No caso da Françoise o marido vem empregado pela Universidade e, com certeza, serão eles a cuidar de todos os trâmites legais para isso. Provavelmente as identidades demorarão uma ou duas semanas a ficarem prontas, então, antes disso não dá para se fazer muito mais que conhecer e visitar a cidade.

3. Onde encontro escola para os meus filhos?
Definido o lugar onde vai morar pode pensar na escola das crianças.
A Suécia garante escola para qualquer criança registrada em no máximo quatro meses depois da data de registro no sistema. Isso quer dizer que você deve tentar registrar as crianças em escolas próximas ao local onde vai morar o quanto antes possível, se quiser escola assim que chegar.
Não se preocupe quanto à qualidade. As escolas são de nível muito bom e são todas públicas, embora tenha que se pagar sempre uma porcentagem quase símbolica, de acordo com o salário final da família.
Para crianças com menos de seis anos é preciso fazer a inscrição (anmälan) para as pré-escolas (Förskola). Clicando nesse link é possível fazer a inscrição vida web, entretanto você precisará ter em mãos os números das identidades suecas. É sempre pedido o da mãe e da criança, em casos de inscrição para escola.
Para crianças acima de seis anos (não sei se será ou não o caso da Bia, filha da Françoise, que tem 5 anos) é possível entrar em contato com os reitores por email. Todos eles são atenciosos e é possível escrever o email em inglês. Escreva rápido e peça informações de como proceder. Explique o caso e eles lhe ajudarão a saber se ela deverá ir para a Förskola ou Grundskola.Escreva um email (pode ser em inglês) no formulário nessa página e envie a eles.
Não tenha vergonha, nem medo. Sempre explique a situação. Pergunte se pode falar em inglês, que precisa de ajuda etc. Não desanime se alguém não for super agradável. Eles são prestativos, mas não são brasileiros e não "mimam" a gente. Apenas dão a informação que se precisa. Clique abaixo nas listas com os dados de cada escola e responsável por ela:

- Lista de telefones e email dos reitores das Grundksolor, ou seja, a escola básica para crianças acima de 6 anos.
Importante: há empresas que incluem no contrato o pagamento de escolas internacionais para crianças acima de 3 anos. Verifique se é o seu caso e entre em contato com a escola internacional. A mais famosa é a Bladins, na qual é possível fazer inscrição também via rede e onde todas as atividades serão dadas em inglês não em sueco.
Na minha opinião se se vai ficar pouco tempo elas podem ser boa escolha já que as crianças aprendem uma língua que usarão a vida toda. Por outro lado, aprender sueco ajuda na socialização com a população local. É preciso decidir conforme a necessidade de cada um.

("La promenade", Claude Monet, 1875)

4. O que faço no início se não conheço ninguém?
O primeiro ano de vida num lugar diferente é sempre o mais excitante, já que tudo é novidade e porque é uma descoberta a cada esquina. Aprendemos muito, ficamos mergulhados e é como se ainda os ouvidos não estivessem abertos. A sensação é de que estamos voando por tudo e admirando.
Por outro lado, também é o mais difícil. Não falamos o idioma, não entendemos o funcionamento das coisas e isso cansa muito.
Para diminuir as chances de frustração tenho abaixo uma listinha básica de coisas que ajudam no dia a dia. Espero que elas lhe ajudem a explorar o máximo que conseguir, porque um ano passa voando quando se está numa experiência assim.

Sacadas rápidas que poupam muito stress:
- Compre ainda no Brasil, ou em sua terra, um dicionário de sueco. Carregue-o por todos os lugares que for, já que, apesar da maioria falar inglês, as informações, as embalagens etc são sempre em sueco, dinamarquês, norueguês e filandês. Isso lhe ajudará a não trazer fermento no lugar da margarina para casa.
- Não fique em casa esperando que as coisas aconteçam. Planeje sair todos os dias para explorar um canto da cidade, tente falar com as pessoas, entre e saia dos lugares. Tente se familiarizar com tudo.
- Passe em um posto de informação ou qualquer casa de cultura, museu etc e pegue alguns mapas da cidade. Só circule com ele. No início é muito fácil se perder e confundir o nome das ruas. Lembre-se: para pedir informação onde fica a rua Bankgatan, por exemplo, diz-se sempre "Bánkgóóótan" e não "Bankgatan", como nós brasileiros falamos. Isso dificulta a pessoa entender o destino onde você quer chegar.
- Troque dinheiro por moedas de 5 e 10 coroas. Elas lhe servirão para pagar os banheiros "públicos" ou de lojas, já que quase todos os banheiros daqui são pagos.
- Procure por um posto da Skånetrafiken. São os centros responsáveis pelas linhas de ônibus de toda a região da Skåne e compre uma carteirinha de passes para circular nos ônibus. Há opção para 200 coroas (mais ou menos 60 reais) e 400 coroas suecas. Isso lhe facilitará muito a vida, já que em determinados horários da noite e em certas linhas intermunicipais não se aceita dinheiro, apenas o cartão.
- Procure pelos Öppna Förskolar, se você é mãe ou pai. Elas são lugares que funcionam como uma pré-escolinha aberta a qualquer um. A estrutura é a mesma, mas os pais entram e ficam com as crianças. É gratuito e isso lhe permitirá fazer amizades com outros pais com crianças na mesma idade.
- É bom conhecer brasileiros e fazer amizade com eles, porque nos sentimos em casa e reconfortados, mas não se esquive de conhecer a população local. Não tenha medo se seu inglês é macarrônico. Os suecos falam bem inglês, mas adoram treinar. Arrisque.
- Use e abuse do google tradutor. Copie as páginas que precisa e não deixe de fazer algo só porque a página está em sueco. No início intimida, mas atrapalha muito se o medo vencer sua disposição.
- Também abuse dos sites que ajudam você a encontrar qualquer estabelecimento, rua ou pessoa que precisar: Eniro e Hitta, além do Google maps Sverige.
- Procure apartamentos e casas para alugar através dos sites: Blocket e Bopunkten, onde os próprios suecos ou imobiliárias oferecem seus imóveis para alugar.
- Por fim, inscreva-se em algum curso, de sueco, de inglês, de artes, qualquer coisa que lhe permita conhecer gente, ocupar-se e aprender.
Algumas sugestões são:
Folkuniversitet, que é paga, mas não custa caro.Konvux, público, onde se aprende sueco e outras matérias.
Por hoje é só.Se tiverem alguma questão objetiva que se inclua nisso, façam que respondo nos comentários ou incluo num outro post.
Boa Sorte Françoise!!! Que essa sua nova vida que começa em 07 de março comece colorida como a Primavera que está começando a dar as caras. Se souber relaxar e curtir essa fase muito passageira você verá que é possível passar de um terrível e angustiante quadro do Munch e tentar viver seus dias de mãe num quadro do Monet (embora de Madame Monet a gente não tenha nada vivendo na faça-tudo-você-mesma-mãe-Suécia.
Eu sempre penso comigo que um, dois anos em minha vida toda e na vida dos meus filhos e marido significa tão pouco para que eu me angustie pensando "ó eu não estou trabalhando!" ou o que seja! Aproveite para aprender e viver essa pausa sem culpa... Só de aceitar a vinda você já mostra abertura de espírito. Agora é só curtir a quatro essa experiência super rica!
Sejam bem vindos! E, por favor, entre em contato para a gente tomar um café gostoso e se encontrar sempre que der. Beijos!

Obrigada Sônia, que você receba em dobro todo o carinho que transmite aos seus leitores!
Abraços.

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